sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

EXPRESSO ORIENTE



EXPRESSO ORIENTE


A banda Expresso Oriente atravessa o deserto. O que a move? Pergunte ao rapaz tímido de óculos, pai, viúvo e parte do show. Ele é o cantor, compositor e guitarista Julio Reny. Sua experiência musical começou há dez anos, via pesquisas/furtos de discos recomendados pela revista Pop (lembram?). Barra pesada, juventude transviada, polícia, drogas e rock´n´roll. Todos os ingredientes para um sucesso de bilheteria.
O Expresso Oriente chegou ao Saara após fracassadas paradas anteriores. Algumas famosas. A banda Km Zero implodiu quando o guitarrista Edu K entrou para o DeFalla e Julio foi convidado pra ser vocalista na Urubú Rei. Urubú Rei implodiu porque nasceu antes da hora. "Seria uma cult band, hoje", avalia Julio. Era por demais inglesa e as menininhas Fiorucci ainda não tinham começado a andar vestidas de negro. Assim, após seu enterro, as cordas do grupo (Castor, guitarra; Flávio Santos, baixo) acompanharam Julio num encontro com a cozinha da Km Zero (Renato G., irmão de Julio, bateria; Fred Lamachia, percussão).
O que se escuta não é um trem desgovernado. A noite está clara, a lua está cheia. E a música quase conforta. "Sonhos são manequins em vitrines/ ... Não chore Lola/... Você vai comprar um vestido novo/ Vai mudar o penteado/ Vai fumar outro cigarro/ Mas o que importa é a cama vazia/ O filme sem ilusões."
Música redonda, mix de porradas culturais. Bossa-nova distorcida num juke box. Pop inglês contrabandeado por um imigrante caribenho ilegal. Amor caliente, saleroso. Morte urbana, melancólica. Um som nada morno. Na solidão do Saara. Porto Alegre.

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