segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

HERÓIS DA RESISTÊNCIA


HERÓIS DA RESISTÊNCIA


Sua saída do Kid Abelha já estava decidida. Um pequeno acidente abreviou as coisas. Agora, Leoni arrisca tudo na banda Heróis da Resistência. "O Kid Abelha era uma coisa que estava me limitando", recorda. "Só o fato de não termos um baterista fixo me angustiava muito. Nunca tirávamos um som juntos, com a banda completa. E eu também queria cantar, pois era eu quem escrevia as letras. O Kid Abelha tem uma estrutura mais para a Paula cantar, e ficava meio forçação de barra eu querer assumir a frente do grupo. Para isso ocorrer, tinha que ser em outro lance. Aí surgiu a idéia de formar o Heróis da Resistência, de experimentar com outros músicos, de tirar outros sons." Leoni, o baixista e vocalista, fala com a segurança de quem sabe o passo que está dando. A princípio, a WEA queria que fizesse carreira solo para explorar mais sua imagem de galã, mas ele insistiu em ter uma banda em que todos os músicos fossem importantes. O resultado está nas lojas desde outubro, quando foi lançado o LP produzido por Liminha - que disse não ter achado dificuldades em trabalhar com a banda. À exceção do guitarrista Jorge Shy, são todos experimentados músicos. O que não diminui o valor de Jorge, que até então vivia trancado num quarto, explorando todas as possibilidades de seu instrumento. A que a banda se propõe? Ir além das fronteiras do pop, "fazer algo mais sofisticado, com alguma ousadia. Uma coisa bem-feita, bem-acabada, com cuidado nas letras e fugindo de uma sonoridade comum. Quando você ouve o disco sente que as faixas são absolutamente diferentes umas das outras". Leoni prossegue explicando o porquê do nome Heróis da Resistência: "Sempre achei essa história de músico uma coisa meio de missionário. Não é uma profissão como outra qualquer. Se você não achar que tem uma missão, mesmo que seja algo pretensioso, fica uma coisa burocrática. Não é só tocar", como já dizia uma letra do primeiro álbum do Kid Abelha. "Nada tira a atenção de um homem com uma missão." Nas novas composições, Leoni tenta fugir de seu estilo - que é a cara do antigo grupo - e parte para títulos que lembram filmes ou romances. Nesse novo passo, os músicos com quem está trabalhando agora são muito importantes. Alfredo Dias Gomes, o baterista, fez parte da banda de Hermeto Paschoal, teve a sua própria e acompanhou Márcio Montarroyos (com quem começou a tocar) e muitos outros da turma instrumental. Jorge foi do Tokyo antes de a banda se lançar e Lulu Martin, o tecladista, veio por recomendação de Cláudio Infante, o batera do Kid Abelha, e é de formação jazzística - já tocou com quase todos do ramo. Perguntados se a WEA não estaria investindo na banda para aproveitar a onda do RPM, enfatizaram que não se propõem a isso, e que quem fez o sucesso do RPM foram os próprios músicos, o empresário Poladian e o fenômeno de público. Outra comparação, desta vez com o grupo inglês Simple Minds, provocou uma gargalhada coletiva e a afirmação: "Nós temos mais variedade sonora que eles, que são muito iguais".

Nenhum comentário:

Postar um comentário